"Nzambi a tu bane nguzu um kukaiela"

sábado, 15 de julho de 2017


Harriet Tubman, nascida com o nome de Araminta, (1822-1913) foi uma rainha preta-africana, uma guerreira máxima na luta pela liberdade dos africanos massacrados pela escravidão, uma das maiores e mais corajosas mulheres pretas que pisaram nessas terras de cativo e infâmia, não existe outra definição para essa nossa irmã; conhecida pelos seus irmãos de cor e origem, inseridos em uma tradição colonialista de um cristianismo cruel porém passível de vários reinterpretações, como a “Moisés do Povo Preto”, devido a sua importância como abolicionista e uma das principais articuladoras das lutas e fugas dos africanos escravizados nas estradas de ferro subterrâneas; conduzindo gerações de irmãos à liberdade. A famosa estrada de ferro subterrânea era um complexo de tilhos de trem, estradas clandestinas, trilhas, rios, casas, pessoas anti-escravistas e demais estruturas usadas pelos africanos escravizados e abolicionistas, entre o século XVIII e XIX, para saírem de um sul escravista e chegarem ao norte, até então estruturado no trabalho livre e assalariado, e também ao Canadá. A irmã Harriet Tubman nasceu na condição de escravizada, porém de espírito rebelde e indomável, uma pan-africanista por essência, futura abolicionista racial, fugiu da escravidão ainda muito jovem. O seu senhor de escravo “homem branco demônio”, usando o conceito de Malcolm X, era um homem cruel, como todos os senhores de escravos eram, e espancava muito a pequena Harriet. Certa vez, na cidade onde vivia, um senhor de escravos lhe acertou a cabeça, com um peso de ferro, e lhe deixou irmã sequelas para o resto da vida, tais como tonturas, dores crônicas da cabeça e dificuldade para dormir, e crises de epilepsia. Pelas suas constantes fugas a irmã carregava no corpo as marcas do açoite, que era prova da maldade branca e de sua rebeldia de africana livre. E não se dando por satisfeita, após a sua fuga final, mais de uma vez, para ser mais exato um total de treze missões clandestinas, ela voltou ao local de cativo para resgatar famílias inteiras e amigos (segundo registros foram 70 famílias de escravizados que ela conduziu à liberdade); era uma quilombola solitária e perseverante e, segundo as histórias do mais velhos, nunca havia perdido um passageiro em suas ajudas de fuga. Ela conseguiu libertar toda a sua família e retirá-la do estado. Essas ações geravam muito ódio por parte dos senhores de escravos que ofereciam recompensas altas pela sua cabeça. No entanto, isso não amedrontava a irmã Harriet. Durante a Guerra de Secessão, também conhecida como Guerra Civil, que pôs fim a escravidão, Harriet Tubman foi sentinela armada, atiradora e espiã do Exército da União contra os confederados do sul. Considerada a primeira mulher, nos EUA, a comandar uma tropa armada, em uma guerra oficial, ela, em uma de suas incursões, libertaram, junto com sua tropa, um total de 700 africanos escravizados. Dentre as suas ações arriscadas, ela ajudou o abolicionista John Brown a recrutar revolucionários para que pusessem em prática a invasão do depósito de armas em Harpers Ferry visando acabar com a escravidão via luta armada. Após o fim da escravização, ela se dedicou a denunciar as condições de vida dos ex-escravizados, lutar pelo direito de voto das mulheres pretas e ajudar os ex-escravizados a arrumarem emprego. Como uma mulher africana, mesmo fora de sua matriz cultural, possuía uma forte sensibilidade religiosa e tinha visões que, segundo ela própria, eram premonições divinas. Após as suas ações políticas, e mesmo de guerra e enfrentamento direto à escravização africana no sul, ela passou o resto da vida em uma casa de repouso, para africanos abandonados ou mutilados pela guerra e escravidão, que havia sido criada por ela no auge de sua agitação política. Hoje em dia, a irmã Harriet Tubman é considerada uma das maiores heroínas dos pretos e da humanidade (a nossa insignificância no mundo se potencializa ao conhecer a vida e a obra desta mulher preta-africana, uma incansável combatente, ao passo que saber que carregamos no corpo a mesma cor, origem e história desta mulher nos enche de orgulho e vontade de se manter em movimento) e hoje é lembrada e honrada tendo o seu nome em museus, parques nacionais, asteroides, uma infinidade de escolas, monumentos; além de esculturas espalhadas pelos EUA, óperas e livros foram produzidos em honra aos seus feitos; a sua casa hoje é um templo e museu que recebe visitantes o ano inteiro; um filme está sendo produzido tem como enrendo a sua vida e obra; ela é cultuada em igrejas pretas e lembrada pelos mais velhos como alguém que deve ser seguida em energias e ações.

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