"Nzambi a tu bane nguzu um kukaiela"

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Trecho de" A Destruição da Civilização Preta" por Chancellor Williams (Indicação do irmão Kwame)

Trecho de" A Destruição da Civilização Preta"  por Chancellor Williams

PRÉ-CONDIÇÕES PARA O PROGRESSO
Algumas dessas pré-condições para o progresso são:

(1) O povo deve se tornar livre da fome, e ser capaz de acabar com a sua perene perambulação de um lugar para outro em busca de comida e água, e se estabelecer.

(2) Tendo encontrado território adequado, os líderes devem proceder, através de negociações com outras sociedades vizinhas e grupos fragmentados, para a construção da nação.

(3) Deve ser desenvolvida – e este é um pré-requisito fundamental – um senso de comunidade nacional entre os vários grupos lingüísticos que compõem o país. Isso é tão importante que não pode ser deixado ao pensamento positivo ou acaso. Deve ser programado de tal maneira que um senso de lealdade e de ser uma parte importante de uma grande irmandade unida, que é a própria nação, irá desenvolver-se naturalmente.

(4) Um forte exército para a defesa.

(5) O reino da lei e justiça, aplicando-se igualmente a todas as classes da sociedade. As pessoas devem se sentir absolutamente seguras como indivíduos, e que em seu país há justiça igual para todos.

Em suma, certas condições em um país podem levar àquela paz interna, estabilidade e confiança que liberta a mente. Há, agora, tempo para pensar. Não mais migração com pés sangrando por centenas de quilômetros através de desertos rochosos. Não mais ver seus parentes cair e acolher a morte ao longo do caminho.  Um lar afinal, melhores fazendas, abundância de alimentos.  E, agora. . . tempo para pensar.

Não há nada de místico sobre as razões pelas quais um grupo de pessoas pode facilmente tornar-se física e mentalmente forte, enquanto outro se torna fisicamente fraco e menos alerta mentalmente.

Uma abundância de alimentos nutritivos e de pura água potável pode significar a diferença entre o avanço e a decadência. O número de doenças mortais em desenvolvimento a partir da desnutrição sozinha é alarmante. Mas o que deve ser salientado acima de tudo é que milhões de bebês podem tornar-se física e mentalmente retardados por doenças, enquanto no ventre de sua mãe – que é outra maneira de dizer que um povo totalmente ignorante ou indiferente à saúde básica pode tornar-se, si mesmo, inferior, de fato.

Mas mesmo este fato central, quando plenamente realizado, ainda permanecerá no campo da mera discussão até que Pretos em todos os lugares comecem organização de massas para a educação em massa das massas.

O sistema é tão estruturado – em todo-o-mundo – que os Pretos são forçados em condições que podem levar a inferioridade mesmo geneticamente.

Deve haver uma ruptura ou extinção gradual. Esta é a pré-condição final para a sobrevivência e o progresso.

A sua atenção é chamada novamente para o mapa da África, pois é muito significante, onde os primeiros invasores entraram e se estabeleceram definitivamente.

Eles ocuparam as áreas do comércio e contatos fáceis com a sua pátria e as outras nações do mundo – um ponto que simplesmente não pode ser super enfatizado, ao considerar a situação dos povos Africanos.

No Norte eles se estabeleceram em torno do Mediterrâneo, mantendo assim o contato com a Europa e Ásia.

No Nordeste, Leste e Sul, eles se estabeleceram ao longo do Mar Vermelho e do Oceano Índico, mantendo-se assim em contato com sua pátria e o comércio com países mais longe.

A África Preta foi, assim, cercada e efetivamente cortada comercialmente e de outra forma do resto do mundo.

As técnicas de penetração e dominação foram variadas. Alguns vieram como comerciantes pacíficos e, sem dúvida, o comércio era tudo o que era pretendido por muitos.
Os Africanos sempre foram ardentes comerciantes. A principal atração de comerciantes estrangeiros era que eles traziam muitos novos tipos de mercadorias. Estes comerciantes tiveram pouca ou nenhuma dificuldade em ganhar pontos de apoio costeiros como entrepostos comerciais. A terra não era vendida, mas alugada. No entanto, os Pretos tinham o que o mundo mais queria: Ouro, diamantes, marfim, cobre, minério de ferro e, eles mesmos.

Os “postos de comércio” [“trading posts”] logo se tornaram fortes fortificações em torno das quais vilas e cidades surgiram como colonos da Ásia baldearam e forças armadas se tornaram organizadas.

Os Africanos assistiram esta evolução com aumento da apreensão, pois os “mercadores” [“traders”] estavam muitas vezes armados com tipos diferentes e superiores de armas de guerra e passavam muito tempo treinamento recrutas, incluindo Africanos. De fato, em algumas áreas, um padrão definitivo surgiu: um exército todo-Africano sob oficiais Asiáticos (um padrão a ser seguido mais tarde pelos Europeus).

Isto foi bastante fácil para os Árabes. Eles possuíram os Africanos capturados que compunham as suas forças de combate. Os Africanos podem culpar apenas a si próprios por isso. Aqui, como em algumas outras coisas, eles ainda estavam envolvidos em práticas que, embora uma vez universais, há muito haviam estado morrendo ou geralmente sendo abandonadas pelo resto do mundo. Esta era a escravização de prisioneiros de guerra capturados.

Quando os chefes e reis Africanos começaram a vender aqueles para os Árabes famintos-por-escravos, eles colocaram em movimento uma cadeia de eventos que iria minar as civilizações das sociedades mais avançadas no continente, ademais controlando o seu progresso e degradando toda a sua raça por outros dois mil anos.

Quando a venda de seus companheiros se tornou a principal fonte de riqueza, líderes Africanos tornaram-se cada vez mais distantes da melhor coisa na vida Africana, o senso de comunidade e de parentesco com todos quem deviam ser amigos. Quando a cobiça cortou os tradicionais laços de fraternidade, o movimento gradual dos invasores a partir das áreas costeiras para o interior se tornou relativamente fácil.

Pretos contra pretos com aumento da desconfiança e ódio podem ser rastreados para os assaltos por escravos pelos próprios Africanos. Os assaltos no interior por escravos eram resistidos por alguns chefes e os assaltantes foram atacados. Mas essa oposição nem sempre se deveu a qualquer oposição à escravidão, mas a este tipo de ação direta que ignorava os chefes e, assim, eliminou os seus lucros. *

[Nota * – Houve, no entanto, numerosos chefes que não apenas se opuseram a escravidão, mas lutaram contra ela até a morte – literalmente. Alguns foram cercados e com seus povos inteiros morreram lutando contra o escravocrata até o fim.]

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